A sintonia entre televisão e internet é sempre um assunto de muito debate para quem acompanha estes dois tipos de mídia. A “descoberta da pólvora” no bom senso entre as duas plataformas, ao que tudo indica, segue bem longe de ocorrer e, enquanto isso, a hipocrisia e a teimosia destoam nessa relação de altos e baixos.
Durante décadas, estrelas da TV, algumas delas tomadas por sua vaidade, teimam em viver em um ambiente onde ignoravam por completo as críticas diretas de seu público. O que era dito e publicado na telinha não contavam com uma avaliação crítica direta dos telespectadores, ficando a cargo da imprensa a “fiscalização” do que merecia aplausos e as análises dos devidos erros.
Ao público cabia o famoso envio “cartas para redação“, onde, convenhamos, quase nada era, de fato, absorvido pelos programas de TV. Ah, e claro, as enxurradas de críticas, quando lidas, ficavam internamente, sem chegar ao alcance público.
Entretanto, a internet, especialmente no advento das redes sociais, vieram para demolir essa estrutura arcaica e vaidosa do ambiente televisivo.
SBT e Fofocalizando são exemplos atuais
Agora tudo está público. As críticas e os elogios estão abertos. Há excessos? Muitos! Todavia, com um pouco de maturidade, seria possível avaliar erros clamorosos em busca de recalcular a rota.
Primeiramente, a televisão perdeu o senso crítico de dizer “erramos”. São poucos os produtos que assumem abertamente os fracassos públicos, nos últimos tempos.
O exemplo mais recente atende pelo SBT, com o polêmico episódio da entrevista com Silvana Taques, mãe de Larissa Manoela. Abusando na emoção e ignorando provas, o Fofocalizando voltou ao olho do furacão, especialmente pela forma como Chris Flores conduziu a entrevista.
Abertamente, a jornalista até assume que chegou a errar com Silvana Taques, mas, assim como a linha editorial da emissora, usa a emoção na tentativa de se justificar.
“Meu erro é ser uma pessoa acolhedora. Não vou acusar ninguém, não vou fazer isso. Eu vi uma mãe contando a versão dela. Ela (Silvana Taques) passou mal durante a entrevista, entre outras coisas que não vem ao caso”, disse a apresentadora do SBT.
Enquanto isso, Globo também sofre do mesmo
Se o SBT e Chris deixassem o sentimentalismo de lado e observassem críticas pontuais, inclusive de profissionais da imprensa, perceberiam que os caminhos tomados neste trabalho não deram certo.
Não há choro nem vela que superem provas, muitas delas expostas até aqui. Apesar de uma autoavaliação pública, ao menos Chris Flores reconhece o direito das pessoas em terem opinião, ainda que contrária a sua postura no ofício de entrevistadora.
Não pensem que o SBT é o único a provar desse jogo. Nem mesmo a Globo, maior emissora do país, fica longe deste dissabor. Basta ver todos os equívocos cometidos na transição Encontro com Fátima Bernardes para Patrícia Poeta e Manoel Soares e na migração de Fernanda Gentil do esporte para o entretenimento.
O telespectador vê tudo, nota o conteúdo, compara fatos e versões. Se antes não havia interatividade, hoje a internet é um caminho real e sem volta. Desprezar esse sistema em troca de um lugar de vítima soa incoerente, especialmente quando estamos em um programa de fofocas que vive a julgar a vida dos famosos.
O jogo é retroativo: vale para o Fofocalizando, para o Encontro e para qualquer emissora. Afinal, todo mundo joga confete quando chega no ‘trending topics’, certo?
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