Rádio Globo: “soberba” e “clima péssimo” no fim da era popular, revela comunicador

O comunicador Jorge Luiz, um dos mais aclamados do rádio carioca, contou como foram os últimos momentos da Rádio Globo em seu período tradicional, voltado ao segmento popular.

Embora a magia do rádio mostre ao ouvinte um conteúdo próximo do “perfeitinho”, esteticamente sonoro e banhado em tons de “família” e “amizade”, internamente, o assunto parecia ser bem diferente.

O radialista revelou que o clima nas dependências no histórico prédio na Glória, na zona central do Rio, era péssimo e que a soberba marcou o final da gestão focada no segmento popular.

Em entrevista ao canal Simples Web Rádio, publicada na semana passada, Jorge Luiz revelou detalhes de como a emissora foi administrada naquele período:

“Eu comecei a perceber quando começaram a chegar pessoas para chegar nas Organizações [Globo], que nem sequer sabiam onde ficavam os estúdios da rádio. Aí eu falei: ‘opa, tem alguma coisa errada aí’. Foi dada a oportunidade a um grupo de jovens talentos para que pudessem gerenciar o Sistema Globo de Rádio. Aí eu falei: ‘tá chegando ao fim'”, iniciou.

O comunicador acrescentou que profissionais do rádio tiveram que lidar com figuras no comando da emissora que sequer tinham conhecimento como funcionava o mercado:

“Fica muito difícil você trabalhar com alguém acima de você que não conhece o mercado, que não conhece o rádio. Foi uma loucura. Começamos a ver quedas de audiência, onde não podiam acontecer. erros cometidos, grosseiros, onde era impossível errar. Você não pode errar”, continuou.

Jorge Luiz
VAIDADE E ARROGÂNCIA MARCAM BASTIDORES

Além de todos os problemas de gestão, Jorge Luiz trouxe um relato onde deixa a impressão que a vaidade e a arrogância ditavam alguns profissionais do Sistema Globo de Rádio:

“Isso fazia parte de um processo de desmobilização. Alguém mais em cima pensou que estava na hora de tirar os caras. Volto naquilo que eu disse no início. Muitos se achavam os donos da verdade e queriam apenas e, tão somente, que sua palavra e o seu pensamento prevalecessem. Achavam até que o seu pensamento poderia mudar a ordem mundial, porque: ‘sou comunicador da Rádio Globo. Estou aqui, eu faço, eu falo eu aconteço'”, complementou.

Questionado se a soberba terminou com a era popular da Rádio Globo e sobre um suposto clima ruim na emissora, Jorge Luiz acrescentou:

“Exatamente [a soberba]. Foi isso que acabou com a Rádio Globo… Sempre foi [clima péssimo]. Existiam várias ‘Rádios Globo’. Rádio Globo de manhã, Rádio Globo de madrugada, Rádio Globo de tarde. Cada um fazendo a sua parte. Muito mal um ‘bom dia’, ‘boa tarde’, ‘como é que vai?’, ‘tudo bem?’, ‘tudo joia?’, cada um na sua sala. Aí um belo dia, Rubens Campos, foi nosso diretor geral, disse: ‘Oh! Acabou esse negócio de sala’. Foi ali que o negócio começou a tomar o rumo da rua”, explicou, acrescentando que as produções passaram a ter dificuldades de gerir seus conteúdos.

Vale recordar que a Rádio Globo fechou seu foco no segmento popular em 2017. Na ocasião, houve uma fracassada tentativa de investir em uma emissora “talk/musical” com a inserção de figuras da TV Globo.

Em 2019, a emissora voltou a mudar seu foco e apostou no segmento “jovem/musical”, conquistando melhor resultado de audiência, ocupando a 6ª posição como rádio mais ouvida no Rio.

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Imagem [capa]: Reprodução

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